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Almaviva

por Ana Wingert

Almaviva, o vinho que impressiona com sua alma poética e nasceu para ser (e certamente é) um ícone de prestígio mundial, com a promessa sempre cumprida de excelência.

Breve história da vinícola Almaviva

Atraída pela riqueza e potencial do terroir do Chile e pela possibilidade de produzir vinhos à altura de suas exigências, em 1996 a Baronesa Philippine, filha única do Baron Philippe de Rothschild (e herdeira do Château Mouton-Rothschild, icônico premier cru classé de Bordeaux), se associou às famílias Larrain e Guilisasti, proprietárias da Viña Concha y Toro, para criar um grande vinho franco-chileno.

Em 1997 a Baronesa Philippine de Rothschild, Presidente da Diretoria de Assessoria da Baron Philippe de Rothschild S.A., e Eduardo Guilisasti Tagle, Presidente de Vinícola Concha y Toro S.A., fecharam o acordo comercial para produção do vinho ultra premium, sob a supervisão técnica conjunta de ambos os sócios.

A primeira colheita foi imediatamente um sucesso internacional, logo após seu lançamento no mercado em 1998.

Com sua energia comunicativa, carisma estonteante e paixão pela arte, deu ao vinho o nome Almaviva, extraído da literatura clássica francesa: “O Conde de Almaviva”, herói das comédias Bodas de Fígaro e O Barbeiro de Sevilha, de Beaumarchais – cuja caligrafia assina cada garrafa.

O desenho no rótulo simboliza a visão da terra e do cosmos na civilização Mapuche e é uma homenagem à história ancestral chilena, país onde o vinhedo Almaviva se localiza.

Almaviva é sinônimo de prazer e elevação! Extremamente elegante, é a expressão viva do fabuloso terroir de Puente Alto. A harmonia perfeita entre complexidade e estrutura.

Conceito de Château e o terroir de Puente Alto

O conceito de Château foi introduzido no século XIX na França e era uma forma de honrar a maestria criativa dos viticultores da clássica região de Bordeaux.

Almaviva foi o primeiro vinho no Chile criado sob este conceito de Château francês, que considera uma terra de exceção, uma adega central única e uma equipe técnica, todas dedicadas exclusivamente à promoção de um vinho, que é o resultado de uma busca incessante pela excelência.

Localizado na parte mais alta do Vale do Maipo, na região central do Chile, Puente Alto é conhecido há mais de 30 anos por suas condições ideais para produzir um dos melhores Cabernet Sauvignon do país. É neste terroir onde selecionaram-se 60 hectares exclusivos para a produção de Almaviva.

As características destacadas de Puente Alto incluem seus solos pedregosos e muito pobres, invernos frios, chuvosos e uma longa temporada de amadurecimento caracterizada por noites frias e dias de verão temperados, que permitem obter qualidade extraordinária e equilíbrio das diferentes cepas.

Situado na margem norte do rio Maipo, há 650 metros acima do nível do mar, o vinhedo se encontra aos pés da Cordilheira dos Andes, na bacia do rio Maipo. Um fator determinante neste extraordinário terroir é a influência fria da Cordilheira, que se manifesta em forma de brisas frescas e num amplo diferencial de temperaturas entre o dia e a noite, particularmente determinante durante o período de amadurecimento.

Estas condições favorecem um amadurecimento lento e homogêneo das uvas, junto com uma acidez mais pronunciada, fruta vermelha fresca e maior concentração de cor e aromas.

O clima de Puente Alto se caracteriza por ser mediterrâneo semi-árido, com pluviometria média anual de 300mm, concentrada principalmente nos meses de inverno, deixando o período de desenvolvimento vegetal das vinícolas sem chuva. O local corresponde a uma das regiões mais frias do Vale do Maipo, por ser parte da Alta do Valle.

As uvas e o vinho Almaviva

A vinícola Almaviva possui 60 hectares de videiras produtivas e as mais antigas foram plantadas em 1978 na DO Puente Alto, lugar descoberto há mais de 30 anos por apresentar condições ideais para produzir Cabernet Sauvignon no Chile.

Nela foram plantadas cinco variedades diferentes: Cabernet Sauvignon, Carménère, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot, sendo a maioria das videiras de Cabernet Sauvignon, particularmente bem adaptada ao terroir.

Este arranjo determinou a mistura do Almaviva, um assemblage de variedades bordelesas, com predominância de Cabernet Sauvignon, harmoniosamente associado a percentagens menores de Carménère, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot.

O resultado final é um romance: um vinho potente e único, que oferece o melhor de dois mundos. Almaviva é o resultado do afortunado encontro entre duas culturas.

O Chile oferece sua terra, seu clima e seus vinhedos, enquanto a França contribui com os conhecimentos técnicos de vinificação e suas tradições. A entrega é de um vinho de elegância excepcional e complexidade.

Seu lançamento foi um enorme impulso para o desenvolvimento dos vinhos chilenos nos mercados internacionais.

A adega e a elaboração de Almaviva

A adega central da vinícola foi projetada pelo arquiteto chileno Martín Hurtado. Construída em 1998 e inaugurada no ano 2000, é reconhecida pela integração perfeita da estética de seu design com sua funcionalidade.

Para sua construção, madeiras nativas do sul do Chile foram utilizadas, integrando a típica paisagem chilena do Vale Central. Sua decoração interior foi inspirada nos símbolos e artefatos representativos da povos nativos do Chile.

Na colheita, os cachos das uvas são colhidos em pequenas caixas de 10 quilos, que são transportados até o mezanino, no segundo nível, onde são selecionados manualmente. Uma vez separadas dos cachos e ligeiramente abertas para liberar o suco, as uvas são levadas pelo simples efeito da gravidade até a área de recepção nos tanques de vinificação que se encontram no primeiro nível.

Composta de duas salas com tanques de aço inoxidável e adaptados ao tamanho de cada quartel da vinícola, a seção de vinificação é onde a maceração e a fermentação alcoólica acontecem.

Primeiro, o mosto é resfriado, deixando o suco em contato com as cascas a fim de extrair seu delicioso aroma e cor. Logo, a temperatura aumenta em cada uma das cubas, para permitir o desenvolvimento da fermentação alcoólica e da maceração final. A fermentação malolática acontece espontaneamente antes ou depois que o vinho seja transferido pela gravidade dos tanques de aço inoxidável para os barris de carvalho francês.

As folhas e as sementes são trasladadas às prensas verticais, de onde se obtém um vinho chamado de prensa. Este vinho é adicionado em pequenas proporções pelo enólogo à mistura final do Almaviva.

O projeto arquitetônico Grand Chai

O projeto arquitetônico impressionante de Gran Chai cria uma perspectiva forçada e uma sensação de profundidade, uma vez que a vista se estende em direção às vinícolas, o lugar de nascimento dos vinhos criados neste lugar.

Após a maceração nas cubas, o vinho é transferido para os novos barris de carvalho francês. Para tampá-los, utiliza-se tampão de vidro, que facilita a operação de refil dos barris.

O vinho no barril é mantido no Grand Chai por aproximadamente 10 meses, antes de ser trasladado para a sala de barris de segundo ano. Depois de 6 a 8 meses de guarda nesta segunda sala, o vinho é filtrado e então devolvido às cubas de aço inoxidável, para posteriormente ser engarrafado.

As garrafas são submetidas a uma lavagem estritamente controlada antes de serem enchidas e seladas com cortiça natural de primeira seleção. Por fim, o vinho é guardado nas garrafas por vários meses antes de ser enviados aos Negociants de Bordeaux, de onde é distribuído.

Experiência Almaviva em Curitiba

Michel Friou, enólogo chefe da Almaviva, esteve no Brasil para o tour mundial de lançamento da safra 2022 de Almaviva. Após passar pela Ásia e pela Europa, São Paulo, Salvador e Curitiba foram palco de eventos exclusivos para celebrar a nova safra do vinho franco-chileno.

Em Curitiba, a degustação dos vinhos foi realizada no DUQ e conduzida pelo enólogo para um grupo de dez convidados, que tiveram a oportunidade de degustar Epu 2021 e três safras de Almaviva: 2003, 2018 e 2022.

Nunca é demais lembrar que vinho é produto da natureza e, como tal, depende dos caprichos do clima. E essa é uma das suas riquezas e fascínios, porque a cada ano temos o prazer de conhecer um novo vinho, sobretudo em produções artesanais e tão meticulosas, como é o caso de Almaviva.

Uma viagem prazerosa pelo reflexo das uvas e da alma do vinho que se expressam de modo distinto a cada colheita.

  • Epu 2021 – Epu significa o número dois, na língua Mapuche, o que se justifica pelo fato de ser elaborado conforme o mesmo conceito dos segundos vinhos dos renomados châteaux franceses, tendo suas uvas provenientes do mesmo vinhedo do Almaviva.

Corte de 80% de Cabernet Sauvignon, 15% de Carménère e 5% de Merlot, a safra 2021 de Epu foi envelhecida 12 meses em barricas francesas. É um vinho fresco, agradável, com notas de cereja, amora, mentolado, chá preto e baunilha. Bem equilibrado em taninos e acidez, é o reflexo de uma colheita mais fria em Puente Alto e se apresenta pronto para beber.

  • Almaviva 2003 – o corte de 73% de Cabernet Sauvignon, 24% de Carménère e 3% de Cabernet Franc, envelhecido 18 meses em barris novos de carvalho francês, é o reflexo de um ano bastante quente e quase sem chuvas, que favoreceu o amadurecimento das castas. É um vinho complexo, com aromas terciários de flores secas, balsâmico e couro no primeiro ataque, seguidos de chocolate, tabaco e toques de baunilha. A fruta, que surge depois de um tempo, tem notas de ameixas e cerejas maduras. Com taninos maduros, bom equilíbrio e final longo, é um vinho que destaca todo o potencial de evolução de Almaviva em garrafa.
  • Almaviva 2018 – a safra icônica de 2018 é reconhecida com uma das melhores dos últimos tempos no Chile, resultando em vinhos de excepcional qualidade, equilíbrio e complexidade que coroam o trabalho de precisão no vinhedo. O corte de 72% de Cabernet Sauvignon, 19% de Carménère, 6% de Cabernet Franc e 3% de Petit Verdot, envelhecido 18 meses em barricas novas de carvalho francês, é profundo, concentrado, com textura elegante, taninos muito refinados e larga persistência típica de grandes vinhos. Predominam os aromas de frutos negros, como mirtilo, com amora, groselha, violetas e notas de tabaco e café, complementadas pelo delicioso mentolado que reflete o caráter verdeal das castas. Um vinho com muita história para contar no decorrer dos anos.
  • Almaviva 2022 – em uma safra mais quente e seca que a anterior, a colheita de 2022 refletiu maior caráter de fruta e maturidade nas variedades bordalesas, resultando em um vinho com maior estrutura, mas sem perder o frescor. O blend de 72% de Cabernet Sauvignon, 23% de Carménère, 4% de Cabernet Franc e 1% de Petit Verdot, envelhecido 20 meses em barricas francesas, sendo 70% novas, tem notas de frutas silvestres, cedro e especiarias, com sutil toque de baunilha e cacau. Os taninos maduros e refinados, com acidez equilibrada, entregam mais densidade em boca e prometem um largo potencial de guarda.

A experiência do vinho é mágica. Quando temos a oportunidade de conhecer o produtor, criamos quase que instantaneamente um vínculo muito especial com toda a sua história.

Conhecer Michel Friou foi desses momentos que marcam muito. Não só pela degustação guiada de três safras do icônico vinho que produz e representa há mais de quinze safras, mas especialmente por sua gentileza, simpatia e respeito: com as pessoas, com a história e com o momento.

Sua expertise, que já era esperada pela responsabilidade que carrega, foi um deleite à quem compartilhou a mesa. Contudo, foi a sua generosidade e carinho que enriqueceram nosso jantar de maneira singular.

Grandes vinhos não são grandes apenas por serem grandes. Grandes vinhos são grandes pelas pessoas gigantes que existem por trás. Almaviva tem um incomparável chefe de enologia para chamar de seu. Vida longa!

Também são responsáveis atualmente pelo projeto o viticultor Jorge Castillo e a enóloga Elba Hormazabal.

Os eventos no Brasil foram realizados pela Luxury Tastings e Cristina Neves Comunicação.

Para saber mais sobre a vinícola Almaviva, acesse almavivawinery.com | @almavivawinery

Por Ana Carla Wingert de Moraes

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