Uma das variedades de uva tinta mais populares do mundo, a Merlot, nos terroirs adequados e colhida no seu auge, produz vinhos elegantes caracterizados por voluptuosidade, generosidade e complexidade.
Enquanto a Cabernet Sauvignon produz vinhos clássicos, deslumbrantes e estruturados, a Merlot proporciona experiências de degustação prazerosas, exuberantes e elegantemente interessantes.
Origem e parentescos da Merlot
A Merlot trata-se do resultado do cruzamento da Cabernet Franc e da obscura uva conhecida como Magdeleine noire des Charentes, uma variedade incrivelmente antiga descoberta apenas recentemente através de análises genéticas.
Originária dos vinhedos de Bordeaux, a referência mais antiga documentada da Merlot (quando ainda era chamada de Merlau) remonta a 1784, ocasião em que um oficial a considerou como um dos melhores vinhos da região de Libourne, na margem direita do rio Gironde.
O termo Merlot, por sua vez, apareceu somente em 1824 em um artigo sobre o vinho do Médoc, atribuindo o nome da uva ao pássaro preto local, conhecido por consumir uvas maduras na videira, chamado de merlau na língua occitana regional e de merle no francês tradicional.
Outros relatos do século XIX identificaram a variedade de uva como “lou seme doù flube”, que em tradução literal significa “a muda do rio”, sugerindo sua origem em uma das ilhas do rio Garonne.
Hoje a uva Merlot continua a prosperar nos solos argilosos de Bordeaux, sendo uma das principais variedades usadas na produção dos seus grandes vinhos, ao lado da Cabernet Sauvignon e da Cabernet Franc.
As características da uva
Embora as características da Merlot variem dependendo do clima, solo e técnicas de vinificação, os vinhos produzidos com a uva geralmente são complexos, elegantes, com taninos redondos, corpo médio a encorpado, com álcool médio para alto, acidez média e textura macia.
A casta exibe versatilidade notável, com uma gama que abrange desde suas características frutadas e tranquilas até vinhos mais maduros, encorpados, refinados e com grande potencial de envelhecimento.
Em caráter, a Merlot oferece sabores de frutas vermelhas e negras, dentre elas ameixa, groselha, cerejas, mirtilos, framboesas e amoras. Dependendo dos níveis de maturação que a fruta foi permitida a atingir, é possível experimentar a sensação de saborear um delicioso bolo de frutas cristalizadas e notas de chocolate. Já um vinho de Merlot envelhecido em barrica ganha estrutura e complexidade, desenvolvendo aromas de especiarias doces, cedro, café e baunilha.
Florence Decoster, da Fleur Cardinale em Saint-Emilion, descreve a Merlot como: “uma variedade de uva que produz vinhos redondos e deliciosos, com aromas de frutas pretas, como cereja preta, amora e cassis. Você também obtém aromas de trufas, violetas, ameixas e chocolate. Para Merlot, nosso objetivo é manter o frescor da fruta, antes que ela fique muito macia.”
Os taninos mais baixos, a textura suave e os sabores frutados da Merlot produzem vinhos particularmente fáceis de beber e que atraem um grande público. Isso levou a um aumento notável na demanda, principalmente na década de 1980, o que por sua vez levou os produtores a investir em novas plantações de clones de alto rendimento, muitas vezes em locais não particularmente adequados para a variedade.
O mercado foi inundado por vinhos de qualidade inferior, intensos, mas sem complexidade, e com prazo de validade notoriamente curto. Houve uma reação negativa, com queda considerável na demanda e, à partir de então, o foco na produção da uva foi renovado, aumentando-se novamente a qualidade dos Merlot comerciais.
A uva é tão popular mundialmente que tem um dia específico para sua celebração: 07 de novembro.
A uva Merlot no seu berço
De acordo com os dados da Organização Internacional do Vinho – OIV, a Merlot é a segunda uva mais plantada no mundo para a produção de vinhos finos, ficando atrás apenas da Cabernet Sauvignon.
Na França a casta teve um crescimento exponencial. Conforme dados oficiais do IVCC, ONIVIT e ONIVINS, a produção da uva saiu de 16.975 hectares em 1958 para 114.578 hectares em 2018, multiplicando em quase sete vezes mais a sua presença.
É a uva mais plantada em Bordeaux, englobando 62% de todos os vinhedos, especialmente na região sudoeste, onde seus vinhos são muito procurados.
A Merlot predomina nos blends da margem direita de Bordeaux, especialmente nas denominações de Pomerol, Saint-Emilion e Lalande de Pomerol. Nestas AOP’s a uva prospera em solos argilosos e calcários, oferecendo uma expressão única, e é geralmente misturada com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Petit Verdot.
É importante reconhecer que, em parte, o que torna a Merlot em Pomerol muito melhor do que a Merlot plantada em qualquer outra região vinícola do mundo é que, devido ao seu terroir, a uva lá amadurece cedo.
Enquanto a maioria dos vinhos de Bordeaux são blends, há algumas propriedades em Pomerol que produzem um vinho 100% Merlot, tais como o Château Peby Faugeres e Château La Gomerie e o mais desejado e famoso de todos, o Château Pétrus.
Com sua capacidade única de domar os taninos fortes e a estrutura encontrados na Cabernet Sauvignon cultivada na margem esquerda, bem como em Pessac-Léognan, a Merlot é uma uva ideal para blends. Para o proprietário do Vieux Château Certan, Alexandre Thienpont, “é o blend que adiciona a dimensão especial extra à magia da Merlot“.
Jean Michel Laporte, do Château La Conseillante, gosta da complexidade que vem da mistura da Merlot com Cabernet Franc. Diz ele: “Na Europa e em Bordeaux em particular, quase sempre misturamos nossos vinhos. Outra variedade traz mais complexidade ao vinho. Também é um ajuste perfeito com o mosaico de solos que podemos ter. Em La Conseillante, por exemplo, temos argilas de um lado e cascalhos do outro. Merlot é perfeito em argilas e ótimo em cascalhos. No entanto, Cabernet Franc é simplesmente maravilhoso, mas apenas no solo de cascalho. Esta dupla de terroirs é a essência de La Conseillante. Não poderíamos obter isso sem uma mistura. ”
No Médoc, Château Pichon Lalande, Château Palmer e Château Pibran têm grandes porcentagens de Merlot plantadas em seus vinhedos. No extremo norte do Médoc, Château Delhomme é feito de 100% Merlot.
Devido à argila encontrada nos solos de Margaux, juntamente com suas temperaturas mais quentes, é possível encontrar concentrações mais altas de Merlot na denominação do que na grande maioria do Médoc.
Os vinhos de Pessac-Léognan geralmente apresentam grandes porcentagens de Merlot nos vinhedos e nos cortes. Não é incomum encontrar muitos vinhedos com quase metade de suas vinhas dedicadas à uva.
Devido ao seu sucesso no amadurecimento nos terroirs mais frios de Bordeaux, a Merlot também é a principal variedade de uva nos vinhedos menos famosos, mas ainda de alta qualidade, como aqueles localizados nas denominações Côtes de Bordeaux ou em várias comunas satélites. Na verdade, a maioria dos vinhos mais acessíveis e genéricos de Bordeaux geralmente também são dominados pela Merlot.
Bordeaux produz muitos vinhos, em diversas faixas de preços, mas os mais caros são os produzidos com Merlot no Pomerol. Pétrus, Le Pin e Lafleur são vendidos por mais de US$ 1.000 a garrafa. Em Saint-Emilion, Château Cheval Blanc e Château Ausone não ficam muito atrás. Todos esses vinhos rotineiramente alcançam preços mais altos do que até mesmo os Premier Grand Cru Classé, chamados de “First Growths”.
Abaixo segue uma sugestão de excepcionais vinhos produzidos com a uva Merlot, com ênfase nos produtores da margem direita do Gironde. A grande maioria destes rótulos são encontrados no Brasil em lojas especializadas ou diretamente com as importadoras.
- Pomerol: Beauregard, Bourgneuf, Certan de May, Chantalouette, Clos l’Église, Clinet, Fayat, Feytit-Clinet, Gazin, Hosanna, L’Evangile, La Conseillante, La Croix de Gay, La Fleur-Pétrus, La Grave à Pomerol, Lafleur, Le Bon Pasteur, Le Gay, Le Pin, Nénin, Petrus e Trotanoy.
- Saint-Emilion: Ausone, Angélus, Barde-Haut, Baron Philippe de Rothschild, Beau-Séjour Bécot, Beauséjour Duffau, Bélair-Monange, Canon, Cheval Blanc, Clos des Jacobins, Clos Fourtet, Corbin, De Ferrand, Faugères, Figeac, Fombrauge, Fonroque, La Confession, La Couspaude, La Dominique, La Gaffelière, La Mondotte, Larcis Ducasse, Laroque, Le Dôme, Monbousquet, Moulin St-Georges, Pavie, Quintus, Soutard, Tertre-Roteboeuf, Troplong Mondot, Trottevieille, Valandraud
- Côtes de Francs: o agora famoso Le Puy, vinho que não integra o grupo de elite das denominações da “margem direita”, mas que ficou recentemente conhecido através da série “As Gotas de Deus” (Drops of God).
Saindo da Terra Natal
Além da França, berço da Merlot, a uva é associada à muitas regiões vinícolas ao redor do mundo. Parte deste aumento na popularidade é atribuído aos seus altos e consistentes rendimentos e tolerância a vários climas e condições climáticas.
Na segunda metade do século XX, a Merlot se consolidou em escala global. Chegou à Austrália na década de 1980, encontrou um reduto na Califórnia, cruzou fronteiras na Itália (onde agora é plantada em 106 regiões), fixou residência na Espanha, construiu um lar no Chile e chegou na Argentina e ao Vale Okanagan, no Canadá. Também é amplamente plantada no leste europeu e cresce na até mesmo na China.
A Itália tem um número considerável de plantações de Merlot em seus vinhedos. Na Toscana IGT e em Bolgheri DOC, ela é usada na produção de vinhos de prestígio, monovarietais ou blends, conhecidos como “Supertoscanos“, pelos quais ganhou grande reconhecimento. Também é amplamente cultivada na região do Friuli, no sopé dos Alpes.
Na Califórnia, a Merlot é mais bem-sucedida como uma uva de blend. Embora existam alguns ótimos vinhos monovarietais no estado, por exemplo, Pahlmeyer, é uma uva difícil para solos da região. Mais ao norte, a Merlot também é beneficiada pelos climas mais frios do estado de Washington.
Fato curioso sobre a Merlot na Califórnia é que, com a sua reputação de fácil consumo ganhou força na década de 1990 e no início dos anos 2000. Em 2004, a popularidade da variedade caiu após o sucesso do premiado filme “Sideways”, no qual o personagem principal Miles difama a uva. Acredita-se que o fenômeno cultural, juntamente com a reputação já em queda da uva, ajudou a disparar o crescimento da Pinot Noir na América.
Na África do Sul, oitavo maior produtor de vinhos do mundo, a Merlot é uma das principais uvas tintas cultivadas no país. Ela é encontrada principalmente na região do Cabo Ocidental, que é conhecida por seu clima e terroir ideais para o cultivo de uvas.
Já no Brasil, a Merlot é uma das variedades mais cultivadas na região Sul, sendo considerada por muitos a uva emblemática do país. É usada em monovarietais e blends no Vale dos Vinhedos e também nas IP’s Altos Montes, Campanha Gaúcha, Monte Belo e Pinto Bandeira.
Ótimos vinhos de Merlot produzidos ao redor do mundo para provar
- África do Sul: Anura Reserve, Anthonij Rupert, Boekenhoutskloof Porcupine, De Toren Z, Delaire Graff Banghoek, Dornier Cocoa Hill, Hartenberg, Holden Manz Reserve, Keermont, Klein Constantia KC, Kruger Family, Lanzerac, Rainbow’s End, Rustenberg, Meerlust, Shannon Mount Bullet, Spier Signature, Thelema Reserve, Vergelegen e Waterkloof Circumstance.
- Argentina: Achaval-Ferrer, Altos de Altamira Albaflor, Anaia Disruptivo, Aniello Blend de Suelos, Bodegas del Fin del Mundo, Clos de Los Siete, Fabre Montmayou, Marcelo Miras, Manuel Mas Tostao, Mosquita Muerta Patito Feo, Rutini Antologia, Tapiz Las Notas de Jean Claude, Tequendama, Weinert e Urraca Single Vineyard.
- Austrália: Blue Pyrenees, Brash Higgins MRLO Lennon, Cupitt’s Hilltops, Elderton, Four Winds, Haan Wines Prestige, Hickinbotham The Revivalist, Hoosegg Mountain Dragon, Irvine Altitude, Leconfield, Lowe, Mike Press, Moss Wood Ribbon Vale, Mount Avoca, Nightfall Lupus, Parker Terra Rossa, Pepper Tree 8R, Raidis Mama Goat, Ridgemill, The Black Pig e Three Ponds.
- Brasil: Almaunica Parte 2, Audade Mérula, Avvocato Gran Reserva, Cárdenas Amphora, Casa Geraldo Signature, Casa Valduga Storia, Guatambu Rastros do Pampa, Legado, Lidio Carraro Grande Vindima, Luiz Argenta Cave Corte, Maximo Boschi Biografia, Miolo Lote 43, Monte Bello, Pizzato DNA 99, Thera, Villagio Grando Éléphant Rouge e Vinha Solo Gran Reserva.
- Bulgária: 24/42 Estate Ambre Barrique, Angels Deneb, Bessa Valley Enira Reserva, Black Incanto, Borovitza Great Terroirs, Bratanov Quel Mariage!, Dragoshinov, Hypnose Logodaj, Rumelia Reserve, Via Verde Motif e Villa Melnik Aplauz Premium.
- Chile: Aresti Trisquel Series, Casablanca Ninbus, Cousiño Macul Jardín de Macul, Gillmore Hacedor de Mundos, L’Entremetteuse, La Prometida Dichosa, Lapostolle Cuvée Alexandre, Marques de Casa Concha, Morandé, Requingua Toro de Piedra Diamante, Revoltosa, Santa Ema Amplus, Torreón de Paredes, Tres Palacios, Undurraga TH e Valdivieso Single Vineyard.
- Espanha: Abadal 5, Arínzano Biologica, Bodegas Añadas Old Vines, Coloma Selección, Enate, Finca La Capilla, Javier Asensio, Jean Leon Vinya Palau, Marquès de Montecierzo, Miquel Oliver Aía, Pago de Tharsys Argila, San Valero Celebrities, Sommos Colección e Son Prim.
- Estados Unidos: Airfield, Arietta, Beringer Bancroft Ranch, Blankiet Rive Droite, Broadsidek Margarita, Cannonball, Daou Sequentis, Duckhorn Three Palms, Grassini Family, Justin Isosceles, La Jota, Hourglass Blueline, Leonetti Cellar, Luke, Mark Ryan Little Sister, Pahlmeyer, Pedestal, Pride Mountain, Prospice, Robert Keenan, Seven Hills e Williamsburg.
- Itália: Alois Lageder, Arnaldo Caprai, Castello di Ama L’Apparita, Conte d’Attimis-Maniago Vignaricco, Dal Maso Casara Roveri, Dominin Meroi, Gaja Ca’Marcanda Promis, Incisa dela Rocchetta Monferrato Colpo D’Ala, Inserrata Insiema, La Badiola Serafino, Le Due Terre, Le Filigare, Le Macchiole Messorio, Ornellaia Le Serre Nuove, Masseto, Petrolo Galatrona, Poggio Mandorlo, Rocca di Frassinello Baffonero, San Leonardo Villa Gresti, Tenuta Maria Teresa, Tenuta Sette Ponti, Tili Etrusco, Vie di Romans Maurus, Villa Russiz e Volta di Bertinga.
- México: Casa Madero, Concierto Enológico, De Cote Atempo, Durant Ala Rota, Finca La Carrodilla Sic Itur Ad Astra, Tres Raíces, Volcán Cellars e Xolo Edición Limitada.
- Nova Zelândia: Alpha Domus, Black Barn, Bostock Vicki’s, Church Road 1, Coopers Creek, Craggy Range, Elephant Hill, Hãhã, Leftfield Moon Sheel, Mills Reef Elspeth, Monowai Upper Reaches, Moutere Hills, Oyster Bay, Paritua Single Vineyard, Pask Declaration, Seven Poplars, Sileni The Triangle e Villa Maria.
- Uruguai: Antigua Bodega Osiris, Bodega Oceânica José Ignacio, Bouza Parcela Única B9, Braccobosca Gran Ombú, Canteira Montes de Oca, Cerro del Toro, De Lucca, Familia Deicas Valle de los Manantiales, Gárzon Single Vineyard, Marichal e Spinoglio.
Características da viticultura
As uvas Merlot são identificadas por seus grandes cachos com bagas médias. A cor tem menos tonalidade azul/preta do que a Cabernet Sauvignon, casca mais fina e menos taninos. Também comparada à Cabernet, a Merlot tende a ter maior teor de açúcar e menor ácido málico, contribuindo para seu perfil mais delicado e frutado.
Apesar da sua brotação precoce, a Merlot prospera em climas mais frios, particularmente aqueles com solos argilosos bem drenados e ricos em ferro. Esse desenvolvimento precoce dos brotos, porém, a torna suscetível à danos causados pela geada da primavera. A casca mais fina também aumenta sua suscetibilidade ao apodrecimento. Se ocorrer mau tempo durante a floração, é uma uva propensa a desenvolver “coulure”, impactando a quantidade e a qualidade da colheita. Normalmente amadurece até duas semanas antes da Cabernet Sauvignon.
O estresse hídrico é importante para a videira, que prospera em solo bem drenado, mais do que na base de uma encosta. A poda é um componente importante para uma produção regular, altos rendimentos e a qualidade do vinho. O renomado consultor de vinhos Michel Rolland é um grande defensor da redução dos rendimentos das uvas Merlot para melhorar a qualidade. A idade da videira também é importante, com videiras mais velhas contribuindo com caráter para o vinho resultante.
Uma característica da uva Merlot é a propensão a amadurecer rapidamente quando atinge seu nível inicial de maturação, às vezes em questão de dias. Existem duas escolas de pensamento sobre o momento certo para colher Merlot. Os produtores de vinho do Château Petrus favorecem a colheita precoce para melhor manter a acidez e a finesse do vinho, bem como seu potencial de envelhecimento. Outros, como Rolland, preferem a colheita tardia e o corpo de fruta adicionado que surge com um pouco mais de amadurecimento.
As características positivas da uva Merlot e a razão do seu sucesso em escala global podem ser atribuídos à sua herança: compostos fenólicos de alta qualidade (taninos e antocianinas) da Cabernet Franc e a precocidade e fertilidade da Magdeleine Noire des Charentes.
Harmonização
Os vinhos produzidos com Merlot são perfeitos para acompanhar uma refeição. Sua textura naturalmentedelicada, taninos moderados e sabores deliciosos combinam bem com uma grande variedade de alimentos e cozinhas.
Carnes vermelhas grelhadas e assadas com molhos de média intensidade são excelentes harmonizações. Dentre as inúmeras opções, alguns cortes nobres em preparações simples como rosbife, entrecôte de kobe beef, entrecôte à la bordelaise, brisket com cogumelos Porcini, picanha com chimichurri, manteiga e espinafre, costela com molho de vinho tinto e manteiga, costela braseada com vinho tinto, pancetta e cogumelos são destaque.
Não deixe de ter duas experiências imperdíveis com Merlot: Beef Wellington e Filé à Rossini, famosa receita em homenagem ao compositor de ópera italiano Gioachino Rossini.
Se você gosta de cordeiro, vai encontrar inúmeras harmonizações, dentre elas: cordeiro assado com ervas e alho, cordeiro estufado com ervas e legumes, carré de cordeiro com crosta de ervas finas e o Gigot D’agneau À La Bretonne, prato típico francês de pernil de cordeiro e feijão branco preparado na Páscoa.
Você também pode experimentar Merlot com lombo de porco, pato, frango e vitela. Carne de porco assada com recheio de cereja e cranberry, costela de porco au Poivre, porco assado com cenouras e ervas frescas, codorna com polenta, terrine ou patê de pato e até mesmo um peru assado no Natal são algumas sugestões.
Para quem prefere cozinha vegetariana, a Merlot harmoniza particularmente bem com cogumelos e vegetais assados, especialmente aqueles com um toque de doçura, como abóbora assada, pimentões vermelhos e beterrabas. Experimente salada de berinjela grelhada com vinagrete e parmesão, cogumelos Portobello recheados com quinoa, abobrinha recheada ou Falafel, saboroso bolinho do Oriente Médio à base de grão de bico, ervas e especiarias.
Se quiser harmonizar um vinho de Merlot com massas, experimente fettucine com ragu de cordeiro, lasagna de carne e berinjelas ou penne com linguiça e erva-doce. Será delicioso!
Em dias mais frios que pedem uma comida que abraça, prove Merlot com a tradicional sopa de cebola francesa, ensopado de coelho, cozido de carne marroquino ou goulash de peru e abóbora.
Os vinhos à base de Merlot também são perfeitos para uma infinidade de queijos diferentes. Queijos maturados como o Cheddar e o Mimolette, com seus sabores fortes, contrastam bem com as notas mais suaves de muitos vinhos. O Gruyere, com seus toques de nozes e salgado, realça os sabores mais pronunciados. Já a textura cristalina do queijo Parmesão combina bem com os taninos.
Outros queijos que podem ser harmonizados com Merlot incluem Asiago, Muenster, Gouda, Brie, Camembert, além daqueles azuis, como por exemplo o Gorgonzola.
Por Olavo Castanha
Olavo Castanha é formado em Marketing e atua no mercado de bens de consumo há 30 anos. Formado em Enogastronomia pela ICIF – Italian Culinary Institute for Foreigners e Sommelier pela Associação Brasileira de Sommeliers – SP, atualmente se prepara para a próxima fase da Court of Master Sommeliers Americas.
- Texto publicado com autorização do autor.
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Foto: Château Margaux, Earlist plots of Merlot