Uma das vinícolas mais respeitadas da Itália e distribuída pela Mise en Place Wine, a produtora Argiano aterrissa no país para uma visita, entre os dias 21 e 23 de novembro, nas cidades de Curitiba e São Paulo.
Margherita Mascagni, representante da vinícola, é fluente em português e será a interface da produtora.
Breve história da Argiano
Argiano faz parte da história da região de Montalcino e é uma das mais prestigiadas e históricas realidades da região. Acredita-se que o nome deriva dos primeiros assentamentos nos tempos romanos – ‘Ara Janus’, referindo-se ao deus Janus. Outra origem potencial poderia ser “a terra do rio Orcia” – conhecida nos tempos antigos como ‘Orgia’ e, portanto, Argiano.
A história de Argiano tem um ponto de virada no século XVI com o declínio da família Tolomei em favor da nobre família Pecci de Sienna e com a construção de sua magnífica vila entre 1580 e 1596, exemplo perfeito de uma residência nobre do século XVI. O nome da vila, Bell’Aria, foi escolhido quando os Pecci decidiram construí-la preservando o centro original do castelo na crista do morro justamente por causa da qualidade do ar.
A indústria vinícola de Argiano nasceu também graças à construção do porão naqueles anos, cerca de quatro séculos atrás. Além disso, o manuscrito de 1616 de Bartolomeo Gherardini, auditor-geral em Siena, faz referência à produção de azeite.
Ao longo dos séculos, a Fazenda passou por várias famílias nobres até que veio sob a liderança inspirada de Lady Ersilia Caetani Lovatelli, que foi capaz de promover os produtos de Argiano em grandes encontros culturais da época. É bem saber o que o grande poeta Carducci declamou em seu verso:
“Eu me limpo dessa amargura com o vinho de Argiano, que é extremamente bom…“
Argiano ganhou a medalha de ouro na Feira de Alimentos de Bruxelas em 1932 por sobremesa fina e vinhos de mesa, e em 1935 foi destaque na Exposição Comercial de vinhos típicos italianos. Em 1967, Argiano fez história com o Brunello de Montalcino, desempenhando um papel fundamental como organização fundadora no nascimento do Consórcio.
Em 1992, o Estado passou do Caetani Lovatelli para a Condessa Noemi Marone Cinzano, que introduziu inovações significativas na gestão da indústria vinícola e reviveu o nome de Argiano. Junto com a condessa veio Giacomo Tachis, o mundialmente famoso enólogo; uma parceria única que trará para a criação do Solengo, o grande Supertuscan de Montalcino.
E assim chegamos ao presente, com a transferência de propriedade e direção da empresa em 2013 para as mãos de Bernardino Sani, que a partir do ano de 2015 também assina os vinhos.
Responsabilidade ambiental
Desde 2019 a Argiano é a primeira empresa em Montalcino a se tornar livre de plástico. Todos os plásticos de uso único foram eliminados. A ideia foi inspirada em um modelo cíclico, uma abordagem baseada na diferenciação de resíduos e que segue a Regra de Retorno, ou melhor, a reutilização dos produtos descartados da empresa (como hastes e brotos de videiras), e mantém os 4 Rs para o meio ambiente: Reduzir, Recuperar, Reciclar e Reutilizar.
Argiano pratica um método orgânico e sustentável de agricultura. Acredita no equilíbrio da biodiversidade e se esforça para alcançá-la, através de técnicas que visam a fertilidade do solo, implementando com produtos naturais como ervasdas, taninos de castanha, própolis e zeólito. Até mesmo inseticidas naturais são proibidos; em vez disso, técnicas como a confusão sexual e a liberação de insetos contraditórios são empregadas.
O projeto “abelha”, que consiste em colocar colmeias ao lado dos vinhedos, se junta ao uso de Mycorrhizae e ao estudo de Microzonação. Este último, em particular, compreendendo a descoberta de diferentes microzonas dentro de parcelas de vinhedos únicos, permite direcionar e concentrar as abordagens ambientais.
“Acreditamos que a videira não deve ser projetada ao nosso gosto, mas deve ser estudada, entendida, interpretada e respeitada; acreditamos que não deve ser manipulado, mas permitido se expressar, para definir um lugar, um clima, uma colheita. Isso é o que a Boa Agricultura significa para nós” (Bernardino Sani e Francesco Monari).
Fonte: @miseenplacewine
Degustação em Curitiba
Participei de um jantar no restaurante Ile de France, à convite da Mise en Place Wine, para conhecer os vinhos da Argiano, em uma degustação para convidados.
Fica aqui o registro das minhas impressões:
Rosso di Montalcino evidentemente não é um vinho de entrada, mas foi o início da degustação de @argiano1580 pela @miseenplacewine e roubou a cena.
É claro, o Brunello di Montalcino tem potência, elegância e estrutura – com a finésse típica da Sangiovese da DOCG, que nos faz suspirar pelos vinhos da Toscana. Mesmo jovem e recém chegado ao mercado já está delicioso para se apreciar.
NC IGT é versátil e fresco. Com bons aromas e estrutura que mostram a influência das uvas francesas no solo toscano e são o presságio do estilo Supertoscano.
Solengo, por sua vez, reflete a plenitude de um Supertoscano e tem seu valor mais destacado quando comparado com seus pares – pelo custo e pela robusta estrutura que lhe dará bons anos de evolução. Cabernet Sauvignon presente, potente e firme, que dá personalidade ao vinho que é legado de Giacomo Tachis e segue sendo produzido com excelência.
Mas, o Rosso tomou para si o holofote. Pelo incrível potencial gastronômico, sobretudo na harmonização – não tão típica – da Sangiovese com a culinária francesa; pelo frescor, vivacidade e versatilidade. Fácil e pronto para beber. Prático para combinar!
Ficou ótimo com a comida do @iledefranceoficial. Se bem que amei com Brunello também. A qualidade e linearidade da Argiano em todas as linhas impressionam.
Por Ana Carla Wingert de Moraes