O Vinho Verde de estilo clássico, que é jovem, fresco e com baixo teor alcoólico – já é bastante conhecido no mercado, apesar de algumas distorções sobre seu estilo.
No entanto, existe um Vinho Verde de perfil sofisticado, intenso, mineral, com grande potencial de guarda, estrutura e complexidade de aromas e sabores que pouco a pouco vem ganhando seu espaço.
A maior DOC – Denominação de Origem Controlada em Portugal, conta com um extenso território de solos e microclimas distintos que justificam a recomendação de diferentes castas por áreas geográficas diversas. Daí porque a região localizada no noroeste do país se divide em nove sub-regiões, cada uma com suas características próprias.
Tradicionalmente, Vinhos Verdes com pouca evolução são muito frescos, leves e apontam aromas frutados e florais, ideais para consumo mais rápido, é verdade. E não há nada de errado em manterem este perfil.
Contudo, ainda que menos conhecidos, os Vinhos Verdes com passagem por madeira igualmente tem boa acidez, embora sejam mais untuosos e substituam os aromas frutados por baunilha, castanhas e amêndoas, por exemplo.
O mesmo pode acontecer com Vinhos Verdes pensados para longa guarda, mesmo sem passagem por madeira. A estrutura de corpo de algumas uvas somada à alta acidez aporta a condição ideal para a evolução destes vinhos.
São eles que tem chamado a atenção do mercado, a partir de uma nova estratégia de posicionamento e comunicação. Afinal, a região de Vinhos Verdes tem muito mais para oferecer.
Isto porque, por óbvio, de diferentes uvas, diferentes parcelas ou terroirs, vinhas novas e vinhas velhas, com estágio de barrica ou de colheitas antigas surgem perfis muito diversos, que vão muito além da descrição básica de Vinhos Verdes jovens, frescos e com baixo teor alcoólico.
Essa diversidade entrega uma infinidade de possibilidades, com vinhos ideais para muitos estilos de cozinhas e momentos, tal como bem explanado pela Vinho Verde Brasil por ocasião do fórum “Os Diferentes Estilos de Vinhos Verdes” realizado na ProWine São Paulo.
ProWine São Paulo
A maior feira da indústria de vinhos e destilados das Américas aconteceu em outubro no Expo Center Norte.
O evento é focado no segmento B2B para a geração de negócios e desenvolvimento da indústria e direcionado a um público diversificado que abrange importadores, exportadores, distribuidores, atacadistas, supermercados e hipermercados, bares, restaurantes, hotéis, sommeliers, varejistas e consultores de vinhos e bebidas destiladas.
As inscrições foram exclusivas para profissionais do setor e a iniciativa foi realizada pela Emme Brasil e Inner Group, em sociedade com a Messe Düsseldorf, organizadora da maior feira de vinhos e destilados do mundo, a ProWein, na Alemanha.
Degustação guiada para comunicadores
Durante o fórum, foram degustados os vinhos: Loureiro Barrica 2018 da Quinta D’Amares- com estágio de quatro meses em barrica de carvalho francês; Esculpido Avesso Vinhas Velhas 2020 da Quinta de Santa Teresa – com fermentação e estágio de um ano em barrica de carvalho francês; Loureiro Reserva dos Sócios 2017 da Adega Coop Ponte da Barca – com estágio de 40% do lote por três meses em barrica francesa e 60% do lote em tanques com bâttonage; Family Collection nº 2, safra 2020, da Quinta da Raza – com fermentação em barrica de carvalho francês e bâttonage por 24 meses; Quinta da Calçada Vinhas Velhas 2017 – com estágio de 8 meses em barrica francesa; e o Alvarinho Portal do Fidalgo 2015 que mesmo sem passagem por madeira apresentou estrutura, complexidade e muita elegância.
O flight apresentado na ProWine São Paulo comprovou a diversidade de estilos e o potencial de evolução e entrega dos vinhos da região, produzidos exclusivamente com uvas autóctones. Sem dúvidas há um mercado ainda pouco explorado do perfil no Brasil, mas que certamente tem tudo para emplacar e agradar os consumidores.
De todo modo, dos vinhos frescos aos vinhos mais sofisticados e com potencial de evolução, sempre há um Vinho Verde para cada momento!
Por Ana Carla Wingert de Moraes
Foto: Vinho Verde