Os vinhos espanhóis de Clos de l’Obac, do Priorat, foram destaque em degustação realizada pela importadora Tanyno em São Paulo.
A importadora, focada em qualidade, exclusividade e transparência, promoveu o flight de Espanha para comunicadores especializados durante a ProWine São Paulo no início do mês de outubro.
A família Pastrana Jarque
No final da década de 1970, o casal formado pelo jornalista Carles Pastrana e pela enóloga Mariona Jarque embarcou na aventura da sua vida, dedicando o seu futuro profissional e familiar ao projeto de recuperação dos vinhos do Priorat.
Carles e Mariona criaram as propriedades Clos de l’Obac e Miserere, replantando vinhas ao longo das margens do rio Siurana, na zona pré-costeira do sul da Catalunha, e estabeleceram a Adega Clos de l’Obac no coração das terras que outrora estiveram sob o domínio dos priores de Scala Dei, mosteiro situado em El Priorat.
Trinta anos depois, junto com seus dois filhos, Guillem e Iona – que representam o futuro essencial da história e da família – consolidaram um projeto que hoje é conhecido e reconhecido em todo o mundo.
A cronologia de Clos de l’Obac
No final da década de 1970, junto com René Barbier da Clos Mogador, o casal começou a replantar vinhas no Priorat com o objetivo de produzir grandes vinhos.
Durante mais de dez anos o projeto despertou pouco interesse aos profissionais do vinho e não conquistou a confiança das instituições financeiras e governamentais devido à sua grande ambição, à sua localização geográfica, aos recursos econômicos inadequados e o conhecimento limitado de vinificação de quase todos os envolvidos.
Apesar destas deficiências, entre os anos 1979 e 1989 o grupo finalmente conseguiu alcançar e até mesmo ultrapassar o objetivo inicial do projeto.
No início da década de 1980 juntou-se à equipe o químico Toni Basté (Clos Basté Krug), catalão radicado em Estrasburgo, que logo foi seguido por Fernando Garcia (Clos Setién), importador de vinhos em Frankfurt, e pelo biólogo e diretor da Seção de Enologia da Escola de Formação Profissional de Falset, Josep L. Pérez (Clos Martinet), em 1986.
Essas cinco pessoas, juntamente com um morador de Gratallops, Antonio Rosario (Clos Ballesteros Jové), que trabalhava para eles como agricultor, formaram o núcleo de todo o projeto até 1987, quando foi substituído pela fundação de uma empresa agrícola à qual se juntou Adrian Garsed (Clos Garsed) da Inglaterra e Luc Van Iseghem (Clos dels Llops) da Flandres, que eram comerciantes de vinhos de Londres e Ostende, respectivamente.
Em 1989 e 1990, antes do engarrafamento do primeiro vinho, Daphne Glorian (Clos Erasmus) da Suíça e Álvaro Palacios de La Rioja (Clos Dofí) também aderiram ao projeto, embora nunca tenham feito parte da empresa.
Em 1993, o World Wine Guide considerou Clos de l’Obac um dos 150 melhores vinhos do mundo, apontando a expressiva reputação já consolidada do Priorat.
Priorat DOCa
Situado no sul da Catalunha, entre as montanhas da cadeia costeira e pré-costeira, Priorat é uma terra de colinas e encostas formadas por ricos substratos de ardósia, situada ao longo de ambas as margens do rio Siurana e voltada para os quatro pontos cardeais, com altitude média de 350 metros.
Neste terreno, as culturas beneficiam do solo extraordinariamente rico e do microclima formado pelas imponentes montanhas de Montsant, barreira natural de 1.166 metros de altura que regula a temperatura da região, protegendo-a das intempéries do norte.
A combinação de todos estes fatores (clima, serra e solo) proporcionam algumas características organolépticas claramente distintas que conferem ao vinho do Priorat a personalidade única reconhecida por enólogos e sommeliers de todo o mundo.
A filosofia de Clos de l’Obac
Os vinhos de Clos de l’Obac e Miserere e das vinhas Dolç de l’Obac e Kyrie são elaborados através de um método de loteamento baseado num sistema que envolve as mesmas castas e percentagens de uvas em cada ano, de acordo com o corte específico que foi escolhido para cada um dos vinhos, sem alteração do blend.
O objetivo do método é garantir que em todo ano as características do clima continental e mediterrânico definam, por contraste, a personalidade e o caráter do vinho, evitando o surgimento de um vinho de lote aleatório, ajustado conforme a qualidade da safra.
Com este sistema, independentemente das variantes climáticas, o desafio é produzir em cada colheita um grande vinho, que reflita os traços distintivos das quatro estações do ano no seu conjunto.
Os vinhos Costers del Siurana passam por um processo de envelhecimento extremamente preciso e meticuloso. Terminada a vinificação, dependendo da temperatura exterior, o vinho é deixado em repouso três ou quatro meses nas cubas de fermentação e armazenamento em contato com o intenso frio invernal, de forma a obter estabilização natural sem necessidade de cubas refrigeradas e pás de agitação.
Posteriormente, o vinho é transferido, sempre por gravidade, para a sala de envelhecimento, onde estagia em barricas de carvalho francês limousin, allier e nevers, permanecendo entre dez e quinze meses dependendo da colheita. Durante este tempo é submetido a um processo de decantação baseado em transferências manuais, utilizando uma vela para verificação, para separar os sedimentos que se depositam no fundo e que poderiam sujar o vinho ou alterar seu gosto.
No período de envelhecimento, os barris são expostos ao frio invernal do Priorat para produzir uma segunda estabilização natural. Da mesma forma, aproveita-se esta época do ano para fazer clarificações manuais.
Os vinhos Clos de l’Obac são importados com exclusividade ao Brasil pela Tanyno.
A importadora, de propriedade do francês Guillaume Verger e inaugurada em 2019, tem em seu catálogo mais de oitocentos rótulos de vinhos premium de países como França, Itália, Espanha, Chile, Portugal e Alemanha.
Também fazem parte do catálogo taças próprias, com design elegante e leves, livres de chumbo.
Por Ana Carla Wingert de Moraes
Foto: @closdelobac
