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Os desafios de ser mulher

por Ana Wingert

Nessa época ampliam os convites para falar sobre os desafios de ser mulher no mundo do vinho. Então, para começar, digo que é igual ser homem, só que mais difícil.

Definitivamente é mais difícil. Enfrentamos descrenças, alguns desafios e perguntas maldosas na tentativa de nos desestimular e desmerecer. Sobretudo quando você é do interior e não tem relação nenhuma com o meio.

Embora o protagonismo feminino em muitas áreas seja notável, no vinho ainda surpreende. O que, honestamente, não entendo, eis que há muitos anos o cenário vem mudando e as mulheres vem se destacando como enólogas, especialistas, sommelières, etc.

Independente da área que atuam, mulheres tem se tornado referências. E cada mulher que se destaca, cada mulher que inspiramos a partir do nosso trabalho, faz tudo valer a pena.

Mulheres que fazem parte da história

Para exemplificar que mulheres contribuem e muito com o vinho, voltemos no tempo de Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin. Com 27 anos, em 1805, assumiu a Veuve Clicquot e foi responsável por torná-la uma das marcas de Champagne mais desejadas no mundo todo até os dias de hoje.

Na atualidade, Jancis Robinson é uma das críticas mais respeitadas no mundo e a mulher que mais me inspira no setor. Foi a primeira pessoa fora da indústria de vinho a se tornar Master of Wine, escreveu vários livros que são referência de padrão em nível mundial e tem um site com milhares de assinantes que acompanham religiosamente suas avaliações. Não bastasse isto, também é conselheira da adega da Rainha Elizabeth II.

Ainda na Europa, a Baronesa Philippine se tornou uma das primeiras grandes damas do vinho, assumindo a icônica Baron Philippe de Rothschild, e é conceituada como a maior exportadora de Bordeaux do mundo.

Chegando mais perto, Susana Balbo, a primeira mulher a obter o título de enóloga na Argentina e que, enquanto presidente da Wines of Argentina, trabalhou fortemente para o posicionamento da uva Malbec no mundo. Conseguiu, não é mesmo?

E por falar em Malbec, não posso deixar Laura Catena de fora. Diretora geral da Catena Zapata, proprietária da vinícola Luca e do Catena Wine Institute, que trabalha o terroir argentino de forma impecável e admirável.

Por fim, próximas de mim, Heloise Merolli, respeitada produtora de vinhos do Paraná; Edineia Biassi, sommelière internacional, educadora e consultora de vinhos; Fernanda Ferreira, jornalista apaixonada por vinhos; além de tantas outras mulheres que admiro, me inspiram e tenho a honra de conviver.

Ou seja, a participação feminina é uma realidade e pouco a pouco os preconceitos estão sendo quebrados. Ainda que haja um longo caminho a ser percorrido, os obstáculos pela igualdade estão cada vez menores e, em geral, há uma tendência mais receptiva às mulheres. Afinal, parafraseando Melinda Gates, para que mulheres levantem voo, basta que não nos puxem para baixo.

Em outras palavras, o maior dos desafios de ser mulher no mundo do vinho é ter coragem de impor o respeito que merecemos e de mostrar que nosso papel é tão importante quanto o dos homens para tornar a vida uma experiência melhor a cada taça!

Por Ana Carla Wingert de Moraes

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