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Vinho e perfume

por Ana Wingert

Mesmo diferentes, é possível encontrar semelhança de aromas no vinho e no perfume.

O olfato é nosso sentido mais curioso. Não existe uma máquina capaz de sentir um cheiro e interpretá-lo como nosso cérebro. Isso porque, a compreensão dos aromas depende da conversão dos impulsos elétricos transmitidos aos nervos olfativos.

São nossos neurônios que transformam o sinal químico das partículas em sinais elétricos, que seguem até o cérebro e tornam possível a percepção do cheiro.

Mas, isso é assunto para cientistas… Eu quero falar da poesia dos aromas, grande parte do prazer do vinho.

Para compreender a relação da perfumaria com o vinho, é preciso saber que existem famílias olfativas – que em contato com áreas da memória e da emoção, nos fazem associar os cheiros como agradáveis ou desagradáveis.

As principais famílias olfativas da perfumaria são a cítrica, floral, amadeirada, adocicada, frutada, herbal, oriental e de especiarias. Você possivelmente já ouviu falar desses aromas nos vinhos ou até já os sentiu.

Assim como no vinho há aromas primários, secundários e terciários, predominantes conforme a intensidade pretendida pelo enólogo, no perfume, é a família olfativa que destaca personalidade, de acordo com o explorado pelo perfumista.

  • Existem no perfume notas de topo ou de saída, que são mais leves e voláteis. Serão sentidas por primeiro, mas também irão evaporar com mais rapidez. Costumam ser notas cítricas.
  • Em seguida sentimos as notas de corpo, que tem maior peso molecular e aparecem com mais evidência depois de algum tempo de aplicação. Costumam ser as notas que realmente dão personalidade ao perfume, como as florais e frutadas.
  • Por fim, encontramos as notas de fundo que permanecem mais tempo na nossa pele. São menos voláteis e mais intensas, tais como as notas amadeiradas ou herbáceas.

Tal como no perfume, a complexidade aromática do vinho depende dos aromas a serem identificados pelo apreciador. Existe um universo imenso de notas que se complementam e reconhecê-las em cada rótulo ou frasco exige prática e vivência.

Apenas sentindo e percebendo é que se torna possível entender as famílias olfativas, sem esquecer que a interpretação de aromas é pessoal, subjetiva e se relaciona com a memória olfativa de cada indivíduo.

Por Ana Carla Wingert de Moraes

4 Comentários

Jonas Martins 12/01/2022 - 11:43

Sensacional!!

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Ana Carla 13/01/2022 - 22:11

Que bom que gostou! Eu adoro esse tipo de conteúdo mais poético e abrangente, que vai além da parte técnica do vinho. 😍

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Carla 13/01/2022 - 10:50

” Mesmo diferentes, é possível encontrar semelhança de aromas no vinho e no perfume.” Hummm! Eu imaginava que havia relação… que bom ler este texto!
Ana, fiquei com um dúvida, assim como o perfumista, é o enólogo que define o aroma do vinho? Ou o que faz com que uma mesma uva, tenha diversos aromas?
Adoro aprender com vc!

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Ana Carla 24/01/2022 - 23:48

Sim, nossos estímulos aromáticos tem sempre uma conexão. Os aromas no
vinho podem vir da uva, da fermentação e também da evolução, de forma ampla. O enólogo pode definir, por exemplo, aromas de caramelo, coco, caso opte por trabalhar com madeira no vinho. Pode misturar uvas com aromas cítricos com outra de aromas de flor branca, etc… enologia é uma magia! E embora cada uva tenha suas características, é possível fazer novas combinações. Por isso a analogia ao perfumista! 🍷💕

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