Jancis Robinson, considerada internacionalmente a crítica de vinhos mais influente de todo o mundo, se descreve elegante e sutilmente mais como uma escritora de vinhos do que como uma crítica.
A história e estímulo de uma das mulheres mais marcantes
Depois de uma infância e adolescência praticamente sem vinho, vivida em uma pequena aldeia no norte da Cúmbria, ao sul da fronteira com a Escócia, Jancis Robinson foi apresentada ao vinho em Oxford, onde além de aprender matemática e filosofia também foi exposta à boa comida e aos encantos vinho.
Desde muito tempo fascinada pela comida, apaixonar-se pelo vinho foi um passo rápido e óbvio, sobretudo diante de uma taça de Chambolle-Musigny, Les Amoureuses 1959.
Mas, o que realmente a atraiu no vinho foi que “a bebida combinava um enorme prazer sensual com estímulo intelectual real. Eu simplesmente sabia que naquele copo estava história, geografia, psicologia, criatividade e muita ciência“, conta Jancis Robinson.
No entanto, naquela época os temas sobre comida e vinho ainda eram considerados bastante frívolos, por isso Jancis Robinson passou três anos iniciais de sua carreira falando sobre o ramo de viagens, como estagiária de pós-graduação na maior empresa de férias da Grã-Bretanha.
Posteriormente, cansada da rotina permanente de reuniões, decidiu passar um ano na Provence, no sul da França, “rodeada de vinhas e de pessoas para quem comer e beber era de fato o sentido da vida“.
O início de sua carreira no mundo dos vinhos
Ao retornar à Londres, a escritora voltou determinada a encontrar um emprego na área da gastronomia ou do vinho. E, no primeiro dia de dezembro de 1975, iniciou sua carreira na área de vinhos, “praticamente na pré-história no que diz respeito ao vinho moderno“, segundo afirma.
Começou como editora assistente da revista britânica Wine & Spirit e, desde então, viajou por todo o mundo do vinho (que hoje inclui a Ásia – um continente nunca pensado na década de 1970) aprendendo que “o mundo do vinho em expansão é habitado por alguns dos personagens mais coloridos e interessantes que já existiram na terra“, ressalta.
Durante sua trajetória, conta que talvez o mais importante seja o fato de que o vinho produzido, que sempre foi muito romântico e fascinante, é hoje em dia também muito mais delicioso. Afinal, quando começou sua carreira era comum se deparar com vinhos defeituosos, o que hoje quase não mais se encontra (“mesmo que muitos dos vinhos possam ser monótonos”, aponta).
Além disto, Jancis Robinson ressalta que há muito a ser dito sobre preço e valor no que se refere ao vinho. Ela não acredita que exista uma correlação absoluta entre preço e qualidade.
“Existem muitos vinhos deliciosos que não custam muito, enquanto existem centenas de garrafas caras com etiquetas de preços que foram evocadas no ar por algum esperançoso comerciante ou proprietário de vinícola”.
E foi assim, com este espírito curioso e interessado que Jancis Robinson deixou de ser alguém que não sabia nem sequer digitar e chegou ao editorial de uma revista de comércio de vinhos e posteriormente passou a administrar um site com membros assinantes de mais de 80 países. Hoje é considerada internacionalmente a crítica de vinhos mais influente de todo o mundo.
Todo o seu lindo caminho pode ser visitado através de suas memórias autobiográficas, conhecidas como “Tasting Pleasure” nos Estados Unidos e “Confessions of a Wine Lover” em todos os outros lugares do mundo.
Momentos marcantes de Jancis Robinson
No ano 2000, a escritora fundou o JancisRobinson.com, vendendo o premiado site de vinhos somente por assinatura para a editora digital norte-americana Recurrent Ventures em 2021. Atualmente, é editora-chefe e principal colaboradora do site.
Além disto, ela é correspondente de vinhos do Financial Times desde 1990 e escreve para esta publicação global e para o ft.com todos os sábados. É também editora-fundadora do The Oxford Companion to Wine, coautora com Hugh Johnson do The World Atlas of Wine e coautora de Wine Grapes, todos livros reconhecidoa como referência padrão em todo o mundo. O 24-Hour Wine Expert (2017) é um guia de bolso fino com os fundamentos práticos do vinho.
A aprovação como Master of Wine e o prêmio OBE
Em 1984 foi a primeira pessoa fora do comércio de vinhos a passar nos rigorosos exames Master of Wine e em 2003 foi premiada com uma OBE por Sua Majestade a Rainha Elizabeth, em cuja adega aconselhou a compra de vinhos entre os anos de 2004 a 2022. Hoje continua sendo membro do Comitê Real do Vinho da Casa.
Em abril de 2016 foi agraciada com o Officier du Mérite Agricole da França, a maior homenagem do VDP alemão. Nos EUA recebeu o prêmio James Beard, por seis vezes, e é a única escritora de vinhos elevada ao Hall da Fama do James Beard Cookbook.
Em 2018 lançou sua própria taça de vinho ideal, feita à mão e que pode ser lavada na máquina de lavar louças. O modelo com versão sem haste e dois decantadores foram produzidos em conjunto com o designer Richard Brendon.
No ano 2021 tornou-se curadora da Fundação Gérard Basset, projetada para aumentar a diversidade e a inclusão nos mundos do vinho, destilados e hospitalidade por meio da educação.
Ela ama e vive para o vinho em toda a sua gloriosa diversidade, geralmente favorecendo o equilíbrio e a sutileza em detrimento da massa, tendo feito campanha por questões de sustentabilidade associadas desde 2006.
Lifetime Achievement Award 2024
Recentemente, a Master of Wine OBE recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award 2024 do Instituto Masters of Wine (IMW) pelo reconhecimento de sua contribuição substancial à comunidade vitivinícola mundial, bem como pelo reconhecimento de sua visão, determinação e inovação ao mundo do vinho em geral, além do seu próprio êxito.
Sem dúvidas, ela sempre foi minha principal referência no mundo do vinho, desde quando eu mal sabia o que era vinho para ser sincera. É daquelas mulheres que inspiram e nos fazem mais fortes!
Para conhecer mais da sua história, publicações e realizações, acesse JancisRobinson.com.
Por Ana Carla Wingert de Moraes
Fonte: www.jancisrobinson.com
