Quando no Chile visitei a VIK Wine, uma das vinícolas mais bonitas e emblemáticas do mundo, especialmente para entender o sucesso dos seus vinhos.
A história da vinícola iniciou em 2004, quando Alex e Carrie VIK lançaram o audacioso projeto de fazer um dos melhores vinhos do mundo. Na busca pelo lugar ideal, encontraram em Millahue, no Vale do Cachapoal, um terroir perfeito do Chile, país já dedicado à produção de vinhos de classe mundial.
No sopé da Cordilheira dos Andes e no vale chamado de “lugar de ouro” pelo povo nativo mapuche, nasceu o vinhedo VIK. Com uma paisagem circundante majestosa e natural composta por doze vales, cada um com seu próprio microclima, exposições solares distintas e resfriados pela brisa costeira do Pacífico a vinícola passou a produzir vinhos de enorme complexidade, com a supervisão do enólogo chefe Cristián Vallejo.
Arquitetura exuberante, tecnologia e arte
Projetada pelo arquiteto chileno Smiljan Radic, célebre candidato ao Prêmio Pritzker, a vínicola está situada entre montanhas e vales arrebatadores com as imponentes montanhas dos Andes ao fundo.
O prédio foi cuidadosamente projetado para impactar minimamente a paisagem. Trata-se de uma vinícola de última geração altamente sustentável, que utiliza free cooling, energia solar e isolamento natural: o espelho d’água resfria a temperatura ambiente dos barris sem usar energia. A cobertura translúcida permite trabalhar durante o dia sem a necessidade de luz artificial e a adega isolada naturalmente mantém pequenas diferenças de temperatura no momento do resfriamento e aquecimento, exigindo menos energia em geral.
Entrar na sala de barris a partir do nível inferior do hall de fermentação é como entrar nos mistérios secretos da produção dos vinhos VIK. As barricas suavemente iluminadas e empilhadas em ambos os lados de um corredor central contrastam ao fundo com a parede pintada por Eduardo Cardozo com sua interpretação dos estratos do terroir do vinhedo. Por fim, a parede dá acesso à sala de degustação e ao altar ao vinho.
Holismo
Orientada pela fusão perfeita entre o ser humano e a natureza como expressão do todo, a VIK se baseia em conceitos de ciência, tecnologia e conhecimento. Todas as sinergias centram-se no todo, com uma especial sensibilidade ao ambiente que dá origem ao vinho.
O vinho holístico, portanto, é o resultado do terroir dinâmico juntamente com as melhores práticas vitivinícolas, excelência na gestão ambiental, desenvolvimento do capital humano e social, bem como arquitetura e arte.
Outro pilar fundamental para a vinícola é o desenvolvimento sustentável, que advém da preocupação com o ambiente onde crescem as uvas, resultando em ações focadas em medidas de mitigação, recuperação e melhoria do solo.
Visita e degustação em Millahue
Durante a visita tive oportunidade de degustar uma vertical de VIK 2015, 2016 e 2017 conduzida pelo enólogo chefe Cristián Vallejo.
VIK é intenso, complexo, maduro e cheio de frescor. Tem boa estrutura de corpo, camadas de aromas e taninos polidos. Assemblage ao estilo de Bordeaux, com o toque da Carménère e a influência do micro terroir de Millahue.
Degustei também La Piu Belle, um Carménère elegante, sedoso e muito frutado. Lindo como o rótulo, que tive o prazer de conhecer na pintura original de Gonzalo Cienfuegos. Um privilégio para quem gosta de arte.
A grande novidade, porém, foi conhecer os novos projetos da vinícola chilena, sob o comando do renomado enólogo chefe. Estão em andamento os projetos de Anfoir, Barroir e leveduras locais, além do lançamento em breve do La Piu Belle Champagne Millésime 2009.
Para trazer mais história e tipicidade aos vinhos, Cristián aposta no uso de madeira chilena dos cerros de Millahue para a produção de barris e tem dentro da própria bodega uma fábrica de barricas de carvalho e de tosta.
Outra inovação é o uso de ânforas para o amadurecimento e refinamento dos vinhos, também produzidas com argila de Millahue. Há também um novo projeto em fase inicial – uso de flor e leveduras locais para a fermentação do vinho chileno.
Quanto ao La Piu Belle Champagne Millésime 2009 não vou dar spoiler ainda.
Considerada a referência de alta tecnologia no manejo, o cuidado extremo na seleção das uvas, a localização privilegiada e as características especiais dos micro terroirs de Millahue, podemos esperar grandes vinhos.
Eu garanti meu Barroir VIK Wine e espero retornar em breve para mais experiências. A vinícola, além de muito bonita, tem vinhos excelentes, o que chancela o título de ser uma das principais do Chile, apesar de nova e recente.
Resultado de muito estudo, tecnologia e boas escolhas.
Por Ana Carla Wingert de Moraes
3 Comentários
Essa vinícola é meu sonho!!!
Ela é um espetáculo mesmo. Você vai amar pela arquitetura, pelos vinhos e pela natureza linda que tem ao redor dela. Vale a pena incluir em um roteiro!
Vinícola maravilhosa!!
Vinhos fantásticos, paisagem exuberante, arquitetura lindíssima.
Precisa mais GastroRose? Parece que sim! Novos projetos!!!