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Boekenhoutskloof

por Ana Wingert

Uma das fazendas antigas mais belas do Cabo Ocidental, localizada no vale de Franschhoek e cerca de uma hora de Cape Town, a vinícola Boekenhoutskloof merece ser incluída no roteiro de viagem pela beleza da propriedade e do Vale e pela qualidade dos vinhos.

Embora ainda não tenhamos tantas importações do país, Boekenhoutskloof é uma escolha certeira da Mistral, cujos vinhos que provei me fizeram buscar mais informações e despertaram o interesse de visitá-la.

Boekenhoutskloof Winery

Fundada em 1776, o nome da fazenda significa “ravina do Boekenhout” (pronuncia-se book-n-howed), em referência à uma árvore indígena Cape Beech, da família Primulaceae, muito apreciada na fabricação de móveis finos e artesanais da região.

Em 1993, quando a quinta e a herdade foram adquiridas e restauradas, foi também estabelecido na fazenda em Franschhoek um novo programa de plantação de vinhas incluindo Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Grenache, Semillon e Viognier.

Desde então, com seu espírito independente, o sócio-gerente e diretor técnico, Marc Kent, é a força motriz por trás das várias marcas e propriedades de Boekenhoutskloof. Sem medo de experimentar o não convencional, seu principal compromisso é com a qualidade em todos os níveis e em todos os detalhes.

Figura pioneira na indústria vinícola sul-africana, foi o primeiro a colocar a uva Syrah no mapa com sua agora lendária safra de 1997 de Boekenhoutskloof Syrah. Além disso, com sua liderança tranquila, mas determinada, fez da vinícola um dos principais nomes da África do Sul, ganhando regularmente prêmios pelos seus vinhos.

Marc Kent é comprometido com o desenvolvimento e crescimento contínuos de Boekenhoutskloof e da grande indústria vinícola sul-africana, e tem estado ativamente envolvido na Associação de Turismo do Vale do Vinho de Franschhoek como membro do Conselho desde a sua criação, tendo presidido os Vignerons de Franschhoek em diversas ocasiões.

Através dos investimentos de Boekenhoutskloof na região vinícola de Swartland, ele também se tornou membro fundador da Swartland Revolution e da Swartland Independent Producers Association.

Os vinhos de Boekenhoutskloof

Referência entre as vinícolas mais importantes da África do Sul e “apaixonado pelos vinhos franceses do Rhône, o proprietário Mark Kent elabora vinhos tintos com um adorável e distinto caráter do Velho Mundo”, afirma a importadora Mistral.

Como produtor, Boekenhoutskloof é especialista em Syrah, com sua linha premium Boekenhoutskloof, comumente esgotada no lançamento de cada safra, e The Chocolate Block, blend feito com predominância de Syrah, cuja oferta tem obtido muito sucesso na era moderna, tornando-se seu rótulo de maior prestígio.

“The Chocolate Block é um inspirado corte de Grenache, Syrah, Cabernet, Cinsault e Viognier, que Jancis Robinson compara a um bom Châteauneuf-du-Pape. A Wine Spectator avaliou com 92 pontos a safra 2020 afirmando ser “um vinho tinto elegante, fresco e focado”.

A linha Wolftrap, de vinhos de corte também feitos ao estilo do Vale do Rhône, é inspirada no espírito pioneiro dos primeiros colonizadores do país e nas lendas e mistérios do vale de Franschhoek.

Por fim, a linha de vinhos do dia-a-dia chamada Porcupine Ridge é um dos rótulos favoritos nas mesas de todo o mundo, oferecendo excelente relação de valor X qualidade, que Robert Paker diz se tratarem de “fantásticas pechinchas”.

  • A logomarca da vinícola conta com o desenho de uma senhora esbelta, figura de proa de Boekenhoutskloof. Ela é uma adaptação de uma antiga marca de prata do Cabo da Boa Esperança e carrega a pomba da paz e da esperança. Protegendo Boekenhoutskloof, ela representa a qualidade intrínseca, que a vinícola valoriza acima de tudo.

Cuidado com a natureza

No interesse de conservar a biodiversidade única de Franschhoek, a vinícola remove plantas exóticas invasoras da quinta e grandes partes de pinheiros e eucaliptos da montanha já foram desmatadas. Além disto, a restauração da sensível área ribeirinha, bem como a reintrodução de várias espécies de Protea, flor símbolo da África do Sul, estão em curso.

Imensa e rústica, a Protea é a mais imponente das flores e foge totalmente do conceito natural de delicadeza e fragilidade. Sua beleza impacta e há quem diga que ela representa transformação e esperança.

Também foi identificada na propriedade de Boekenhoutskloof e da fazenda vizinha, Haut Espoir, uma rara espécie nativa de planta chamada Erica Lerouxiae, cuja preservação é compromisso da vinícola, que juntamente com a fazenda vizinha fundou a Franschhoek Mountain Conservancy – iniciativa para melhorar a cooperação entre vizinhos, bem como a gestão do fogo e a da conservação dos fynbos no vale.

Enoturismo coletivo, exclusivo e intimista

As visitas à vinícola são experiências comunitárias limitadas a 12 convidados e são sempre organizadas pelo enólogo. Acontecem sempre às 11h00min, nas terças e quintas-feiras (exceto em feriados) e são reservadas mediante agendamento prévio, com reservas abertas seis meses antes da data pretendida. A duração da experiência é de aproximadamente 90 minutos.

As reservas devem ser feitas exclusivamente via Dineplan (aplicativo de reservas do país). Para solicitar reservas para 4 ou mais pessoas, é possível enviar um e-mail direto para tastes@boekenhoutskloof.co.za.

Em relação à crianças e adolescentes, a vinícola alerta que o enólogo acompanha todos os visitantes pela adega, acessível por escadas, e organiza a prova de vinhos em grupo no dia da visita. Trata-se de uma experiência coletiva e íntima com todos os convidados sentados em torno de uma grande mesa. Crianças e adolescentes podem se sentar no sofá da sala de degustação ou na mesa externa, mas solicita-se que haja bom senso para que não perturbem a experiência de outros hóspedes. Além disto, a vinícola observa que não oferece outras opções de bebidas além de água.

The Wolftrap

Vinhos extraídos da lenda – quando a fazenda foi fundada, o vale de Franschhoek era muito mais selvagem do que é hoje e cheio de armadilhas para lobos. Atualmente, as montanhas ainda estão repletas de animais indígenas, incluindo o majestoso leopardo, porém, nenhuma evidência de lobos se encontra. O vinho e os rótulos da linha The Wolftrap foram criados para lembrar dos mistérios e lendas de tempos passados.

As sete cadeiras da linha Boekenhoutskloof

Boekenhout, como mencionado anteriormente, é uma árvore indígena da região muito apreciada por fazer móveis finos. Os rótulos superelegantes e icônicos de Boekenhoutskloof apresentam sete cadeiras que prestam homenagem às habilidades dos artesãos do século XVIII e às suas conquistas na criação de beleza a partir de fontes naturais, assim como na produção de vinhos finos.

Estampam o rótulo, dentre outras, a cadeira splat dividida em estilo country, feita em estilo neoclássico, com trilho superior com ombros e assento com tiras, do final do século XVIII. A cadeira Sandveld que tem duas barras traseiras e um assento com tiras que surgiu no segundo quartel do século XIX. E a cadeira transitória Tulbagh que foi fabricada no final do século XVIII, tem encosto liso e grade superior moldada com abertura semicircular.

The Chocolate Block

Um vinho com segredos para guardar – a busca para compreender o nome do vinho e o próprio vinho é uma lenda. Embora a vinícola não tenha pretensão de revelar tudo, afirma que o estilo do vinho é um reflexo da convicção de que o Cabo, com o seu clima mediterrânico, é eminentemente adequado para tintos de lote.

A composição do vinho The Chocolate Block é ajustada de safra para safra para melhor refletir a estação e as vinhas antigas de grande caráter que são parte integrante do seu charme e personalidade.

Os vinhos da Boekenhoutskloof são importados ao Brasil com exclusividade pela Mistral, que também traz ao país rótulos das vinícolas Kanonkop, Barista, De Wetshof, Southern Right e Hamilton Russel Vineyards.

Além das linhas The Wolftrap, Boekenhoutskloof, The Chocolate Block e Porcupine Ridge, também estão disponíveis no Brasil os vinhos das linhas Vinologist, Porseleinberg e Appellation Series Swartland. Se tiver oportunidade, prove Boekenhoutskloof Late Harvest – um dos melhores vinhos de sobremesa que já provei.

Por Ana Carla Wingert de Moraes

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