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Mitos e verdades

por Ana Wingert

Alguns mitos e verdades do mundo do vinho que certamente você já ouviu e te confundem na hora de comprar ou degustar.

  • Varietal ou blend – varietal é o vinho teoricamente feito com apenas um tipo de uva, enquanto que o blend, vinho de corte ou assemblage é o vinho feito com a mistura de castas.

Há qualidade incontestável em cada estilo, que reflete a escolha do produtor na hora da vinificação. Os fãs de varietais defendem que somente eles representam a verdadeira essência do vinho e do terroir. Os defensores dos blends ressaltam a arte de misturar diferentes uvas e obter um vinho de máxima qualidade.

Enfim, somente você vai poder dizer o que te agrada mais. Existem vinhos maravilhosos de corte, assim como há vinhos incríveis de uma casta só. O segredo, mais uma vez, é experimentar e aproveitar o melhor que cada estilo te permite sentir, ciente de que o fato do vinho ser varietal, por si só, não lhe agrega qualidade superior.

  • Vinho de guarda ou de consumo jovem – vinho bom é vinho tecnicamente bem feito e a escolha do estilo de vinho de preferência tem a ver com gosto pessoal e a proposta do produtor.

Existem vinhos feitos para consumo jovem, com características mais frescas e com acidez vibrante que vão perder qualidade se guardados por muito tempo. De outro lado, há vinhos que precisam evoluir e passar por um afinamento, como os tintos que recém produzidos são muito tânicos. Exemplo disso são os Brunello di Moltalcino DOCG e os Gran Reserva espanhóis.

O custo do tempo de guarda e de evolução na vinícola importa em preços mais expressivos, em regra. Mas isso não significa que vinho de guarda é melhor ou superior.

Para quem gosta de vinhos jovens, “vinho novo” sempre vai ser melhor. Da mesma forma que quem aprecia vinho de guarda sempre vai preferir “vinhos mais velhos” e evoluídos. Ou seja, vale a pena descobrir teu gosto pessoal e até mesmo entender em que momento o teu paladar se encontra para saber qual é o melhor para você.

  • Tampa rosca ou screw cap e vedantes sintéticos – em um universo milenar como o do vinho não é raro observarmos a reinvenção de métodos e o surgimento de tecnologias. Pouco a pouco produção e mercado se reconstroem para atender novos anseios, especialmente de sustentabilidade.

Este é o caso da screw cap, vedação em tampa rosca que surgiu inicialmente para trazer linearidade à vinhos frescos e cuja praticidade tem aumentado cada vez mais o sucesso do uso deste vedante.

Outras vantagens são o baixo custo de produção, a facilidade de manuseio e o fato de ser reciclável e não vulnerável à contaminação por TCA.

Os benefícios são tantos que sua utilização vem crescendo em escala global e se tornando popular também para vinhos tintos, como é o caso de grandes rótulos australianos e da Nova Zelândia.

Do mesmo modo vedantes sintéticos de borracha tem aparecido cada vez mais no mercado. São materiais de custo menor, não vulneráveis à contaminação por TCA e que permitem o armazenamento do vinho em pé. Usualmente são utilizados em vinhos mais acessíveis e para consumo jovem, sem potencial de guarda.

Rolhas de vidro (as mais recentes no mercado) são completamente inertes, não tem sabor ou cheiro, evitando qualquer interferência no vinho, além de afastarem o risco de contaminação por TCA. Pelo design e custo do produto, estão relacionadas, em geral, com vinhos de valor agregado, como os rosés da Provence,

Esses novos vedantes, assim como novas embalagens, são uma tendência mundial, mas o assunto ainda gera polêmica e não é bem aceito por consumidores mais tradicionais, que preferem as clássicas rolhas de cortiça. De todo modo, mais uma vez, o estilo do vedante, por si só, não interfere na qualidade do produto.

  • Cavidade do fundo da garrafa – durante muitos anos prosperou a ideia de que quanto mais funda e côncava a cavidade do fundo da garrafa melhor é a qualidade do vinho.

Atualmente se sabe que não há nenhuma relação de qualidade e que tampouco a cavidade do fundo da garrafa serve para segurar sedimentos dos vinhos de guarda. Ela existe tão somente por questão de segurança.

Quanto maior a profundidade do buraco, mais vidro é usado na garrafa, aumentando a superfície. Assim, a pressão interna é melhor distribuída, diminuindo a chance do fundo da garrafa romper com uma batida.

Considerando que com mais material (vidro), o produto tem um custo de produção mais caro por consequência, muitos presumem que garrafas com cavidades mais fundas tem vinhos de qualidade superior. A relação do “poder financeiro” com a cavidade do fundo da garrafa é apenas ligada ao custo maior da produção.

Nada impede que o produtor coloque um vinho de qualidade superior em uma garrafa sem cavidade, visto que não há relação direta entre a cavidade do fundo da garrafa com a superioridade do vinho.

Alguma dessas dúvidas já passou pela tua cabeça?

Se sim, espero ter ajudado a melhorar tua compreensão sobre os mitos e verdades do mundo do vinho!

E se tiver mais alguma dúvida, manda nos comentários para eu saber. Vou adorar responder.

Por Ana Carla Wingert de Moraes

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