O aumento de informação tem trazido novas experiências, mas também ansiedade ao consumidor quanto à harmonização. Por isso, aqui vão algumas dicas para que você combine sem medo vinho e comida!
Interação do vinho com alimento.
O acordo entre alimento e vinho deve levar em consideração a subjetividade do degustador, questões fisiológicas do paladar, interações básicas entre vinho e comida e hábitos alimentares culturais.
É importante lembrar que pessoas têm sensibilidades e preferências distintas, de forma que os componentes de aromas e sabores, bem como as características do vinho tal como doçura, acidez, taninos e álcool causam experiências únicas para cada apreciador.
Princípios da harmonização.
A composição dos alimentos e vinhos é rica em elementos químicos que interagem entre si e podem causar reações agradáveis ou desagradáveis. Assim, a harmonização busca equilibrar características, complementar qualidades e elevar a experiência de uma refeição.
Observe as regras da sazonalidade, da regionalidade e da tradição. Alimentos que crescem junto ou dividem características de terroir possuem muitas afinidades que podem ser exploradas no processo de harmonização com vinhos. Além disso, a tradição, como resultado de anos de experimentação, garante combinações prazerosas e com menores chances de erro.
Para uma boa harmonização, procure o ingrediente que irá conectar o vinho e a comida por meio de suas interações, seja pelo sabor, corpo ou intensidade, observando as modificações pelo método de preparação.
E mais importante, nunca deixe de experimentar. O mundo é vasto e as possibilidades infinitas. Não se fixe em um conjunto de descobertas ou combinações preestabelecidas. Seja sempre um aprendiz.
Regras para combinar vinho e comida sem medo.
- Peso do prato e peso do vinho – o corpo do vinho e do prato devem ser correspondentes para evitar sobreposição. Assim, vinhos mais complexos, amadeirados e com mais textura pedem pratos de maior complexidade para que não sejam ofuscados pelo vinho. Por sua vez, um prato leve e delicado fica melhor acompanhado de um vinho leve.
- Características de paladar – observe a hierarquia de intensidade de sabores, métodos de cocção e guarnição. Atente-se para a doçura, acidez, tanino e álcool do vinho, além de verificar se ele tem passagem ou não por madeira.
- Semelhança ou complementação – o sabor predominante do alimento pode ter características semelhantes ao do vinho ou pode ser harmonizado por complementação quando características diferentes se unem para um bom conjunto.
- Oposição – observe a combinação de características antagônicas, cujas diferenças se equilibram por se atenuarem. Dulçor ameniza a acidez, acidez atenua a gordura, suculência atenua o tanino, por exemplo.
- Tradição com pratos regionais e vinhos locais, que possuem afinidades entre aromas e sabores.
- Estação – se baseia no princípio de que no versão os pratos são mais leves, enquanto que no inverno são mais pesados. Aplica-se em lugares com estações bem marcadas, o que não é caso de algumas regiões do Brasil.
Essas são sugestões para que você possa se aventurar na harmonização e para que combine vinho e comida sem medo. De todo modo, lembre que, mais importante do que qualquer regra, vinho é para dar prazer!
Busque conhecimento, mas se divirta. No caso da harmonização, não é nada ruim praticar. Concorda?
Por Ana Carla Wingert de Moraes