Início » Frutos do mar

Frutos do mar

por Ana Wingert

Peixes, frutos do mar, crustáceos, mariscos, ostras e moluscos comumente se dão bem com vinhos brancos ou espumantes de corpo leve para médio.

Todavia, assim como os frutos do mar são muito diferentes entre si, os vinhos brancos e espumantes também o são. Portanto, ainda que raramente se corra o risco de fazer uma combinação desagradável entre eles, é possível ampliar a sensação de prazer com a escolha do vinho branco (ou não) ideal.

Como combinar vinhos e frutos do mar

Conhecer as diferentes características do vinho e da comida e as sensações advindas da textura, dos sabores e dos aromas nos faz concluir que alguns alimentos guardam afinidade com vinhos, outros são indiferentes e alguns podem não combinar com facilidade.

O essencial, no caso de peixes e frutos do mar, é se atentar ao modo de preparo e aos temperos.

Quando marisco, vôngole, ostra e mexilhões são preparados de forma mais pura e com pouca interferência de sabores de outros ingredientes, o ideal para acompanhar são os vinhos brancos e rosés leves e refrescantes, além de espumantes brut ou nature.

  • A acidez alta (frescor) e a mineralidade (refletida em um leve toque salino no final de boca) de alguns vinhos brancos como Muscadet, Chablis, Pinot Grigio e Albariño agregam mais sabor e frescor ao alimento puro. Assim, vinhos oriundos de regiões próximas ao mar são uma pedida sem igual para acompanhá-lo.
  • Nos preparos mais condimentados e temperados, vinhos brancos aromáticos e florais como Gewürztraminer, Chenin Blanc, Torrontés e Riesling sempre fazem um belo par.
  • Se o sabor e a textura são complementados por molhos brancos, à base de queijo ou creme de leite, vinhos brancos de corpo médio à encorpado, mais untuosos e com breve passagem por madeira adaptam-se melhor. Já com molhos de tomate, vinhos rosés são uma boa pedida.

Conhecer o molho da comida facilita a escolha do vinho, assim como escolher o molho à partir do vinho é a forma mais segura de acertar a harmonização.

Neste mesmo sentido precisamos pensar na hora de combinar vinhos com camarão, lula e peixes de carne branca. Neste caso, a escolha do vinho é determinada substancialmente pelo molho, pelos outros ingredientes do prato e pelo modo de preparação.

Crustáceos como camarão e lagosta, que contam com sabor marcante e levemente adocicado, e peixes de carne branca, com sabor neutro, dependem da técnica de cocção e do molho escolhido.

  • Quando são pratos mais amanteigados e cremosos, os vinhos brancos que melhor combinam são os mais estruturados e encorpados, como Sémillon, Chardonnay e Viognier.
  • Se forem apenas salteados ou temperados com ervas, vinhos de Sauvignon Blanc e Vinhos Verdes leves combinam muito bem pelo frescor e pela similaridade dos toques vegetais.
  • Os preparos agridoces e mais condimentados, encontrados na culinária tailandesa, ficam perfeitos com vinhos brancos aromáticos e florais.
  • Quando preparados de forma empanada e frita em imersão pedem vinhos com maior acidez, como rosés, alguns brancos leves e vinhos espumantes.
  • Na moqueca, em que o corpo e o sabor se complementam com temperos, leite de coco, azeite de dendê e tomate, o vinho rosé é bastante versátil e ideal para garantir uma boa combinação. O rosé também combina muito com Bouillabaisse (caldo preparado à base de peixes, frutos do mar, vegetais e ervas aromáticas) – prato típico da culinária francesa.

A harmonização com polvo vai depender muito da forma do seu preparo e das guarnições do prato, podendo, inclusive, ser acompanhado de um bom vinho tinto.

Intencionalmente, até então, não havia falado sobre vinhos tintos. Isto porque, peixes e frutos do mar são ricos em iodo, que é incompatível com o tanino. Portanto, em regra, não harmonizamos vinhos tintos, sobretudo os mais estruturados, com peixes e frutos do mar para evitar sensações desagradáveis no paladar. Mas, isso nem é tanta novidade para quem me acompanha.

Porém, para toda regra pode existir uma exceção!

  • Paella valenciana ou arroz caldoso de polvo, por exemplo, podem ser combinados com um vinho tinto mais encorpado, como é o caso da clássica combinação com Tempranillo.
  • Polvo com arroz negro ou com linguiça (prato típico português) abrem espaço para a combinação com vinhos tintos de Pinot Noir e Merlot.
  • Quando cozido e assado, complementado por vegetais, como Polvo à Lagareiro, um vinho de Chardonnay encorpado fica perfeito, assim como brancos mais estruturados do Douro e os clássicos e lindos brancos da Bourgogne.
  • No carpaccio, vinagrete ou em uma salada mais leve à base de polvo, voltamos aos vinhos brancos ou rosés dos grupos leves e refrescantes para acertar.

É claro, quando falamos em preparos com frutos do mar e peixes as opções são inúmeras, o que abre leque também para uma infinidade de harmonizações. Aqui ficam algumas sugestões (nem um pouco excludentes) para te ajudar na hora de escolher o vinho ideal.

Sabendo diferenciar as classes de vinhos brancos entre leves e refrescantes, aromáticos e encorpados, você já terá uma imensidão de possibilidades para se aventurar e deliciar. E eu garanto, não será nenhum sacrifício experimentar!

Por Ana Carla Wingert de Moraes

Deixe o seu comentário

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você está de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais